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segunda-feira, 9 de junho de 2014

ΑΩ - O Filho do Homem:

Para muitos cristãos, o termo "Filho do Homem" estabelece-se como o correspondente natural para o termo "Filho de Deus". É uma afirmação da humanidade de Cristo, assim como o termo "Filho de Deus" é uma afirmação complementar de sua divindade. Entretanto, isso não é tão simples assim. O termo "Filho do Homem" (em hebraico - Ben Adam, ou, no aramaico - Bar Nashá) é usado usado em três principais contextos no Antigo Testamento:

1 - Como uma espécie de vocativo utilizado pelo profeta Ezequiel;
2 - Como referência à figura escatológica futura (Daniel 7: 13-14), cuja vinda aponta para o fim da história e para a vinda do julgamento divino;
3 - Como ênfase sobre o contraste entre a humanidade e a fragilidade da natureza humana e a elevada posição ou a estabilidade de Deus e dos anjos (Números 23:19; Salmos 8:4).

O terceiro significado relaciona-se à naturalmente humanidade de Jesus e pode estar por trás de pelo menos algumas referências a esse aspecto presentes nos Evangelhos Sinópticos. É, entretanto, o segundo emprego do termo que tem atraído a atenção de muitos estudiosos.
Rudolf Bultmann defende que Daniel 7:13-14 aponta para a expectativa da vinda do "Filho do Homem" ao final da história e argumenta que Jesus compartilhou dessa expectativa. As referências a Jesus, o "Filho do Homem", vir nas nuvens com grande poder e glória (Marcos 13:26) devem ser entendidas, de acordo com Bultmann, como uma referência a uma outra figura que não Jesus. Bultmann sugeriu que a igreja primitiva posteriormente fez a fusão de Jesus e do Filho do Homem, entendendo-os como um e o mesmo. A igreja primitiva, assim, deu origem à aplicação desse termo a Jesus.

Este ponto de vista, entretanto, não tem aceitação universal. Outros estudiosos têm defendido que o termo "Filho do Homem" carrega uma série de associações, incluindo sofrimento, justificação e julgamento, tornando-o assim um termo natural e adequado para ser aplicado a Jesus. George Caird foi um dos estudiosos do Novo Testamento que desenvolveu esse tipo de perspectiva, defendendo que Jesus usou o termo "para indicar sua união essencial com a humanidade e, acima de tudo, com o fraco e humilde, como também para indicar sua função especial como representante predestinado do novo Israel e portador do julgamento e do Reino de Deus".

Fonte: "Teologia - Sistemática, Histórica e Filosófica" - Alister E. McGrath - Páginas: 409 e 410.

Um comentário:

  1. Interessante. Pelo que vejo, o conceito do título dado a Jesus de “Filho do Homem” (Marcos 8.38; Lucas 19.10; João 9.35-37) é bem mais abrangente do que eu supunha. Pra falar a verdade, eu conhecia apenas o conceito que você utilizou na introdução do texto, Marcelo.

    Não sei se a informação procede, lembro-me de ter lido que esse título” Filho do Homem” era também aplicado ao Imperador romano, significando “o maior entre os homens”.

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